Blog de Aureus

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6 de março de 2009

Neoliberalismo: Capitalismo marxista


Estava eu hoje de manhã, como todas as manhãs, a ouvir o rádio, no caso o RCP, minuto a minuto (é o nome do programa), e comecei a ouvir, a ouvir...

Primeiro, parece-me que era o senhor Pedro Marques Lopes, comentador político, decide passar da política à economia, e dá-nos uma lição de liberalismo económico às custas dos lucros fabulosos (e mais nos tempos que correm) da GALP no fim do ano passado: Logicamente, se a empresa tem lucros, é bom. Ninguém tem porquê escandalizar-se, as empresas estão para isso, ainda bem que alguma dá lucro, só faltava que o estado lhe tirasse uma parte dos lucros, ou essas bocas do bloco de esquerda (não sei bem o motivo pelo que ele introduziu isto na conversa) de que uma empresa que de lucro não pôde despedir ninguém, só faltava... de aqui a pouco, até vão querer nacionalizar tudo, como se não se tivesse visto já no que isso acaba, nos antigos países de Leste, todos a passar fome.

Depois, aparece (salvo seja) o senhor Camilo Lourenço, comentador de economia (de quem habitualmente gosto bastante, diga-se de passagem), e, ora vejam lá, decide enveredar por um tema mais ou menos político, por um dia. E começa a disparar com que o estado, em vez de meter-se nesses gastos em grandes obras, estradas, comboios, hospitais e escolas, devia era capitalizar os bancos e as empresas, para que fosse gerado emprego, ou até nacionaliza-los durante dois ou três anos, e depois privatiza-los. Porque devem estar em mãos privadas, isso sim.

Bom, depois disso, tive que tirar os fones do ouvido e fiquei a pensar. A pensar se tinha ouvido bem.

Primeiro: O senhor Pedro Marques Lopes esquece que neste país não há concorrência nas petroleiras, há oligopólio e cartelismo. 
Ainda, esquece também que os lucros da GALP devem-se em boa medida a diferença de velocidade na aplicação dos aumentos nas gasolinas por causa do aumento do petróleo e a aplicação das diminuições nos preços por causa da diminuição do petróleo. 
Mas, resumindo, e assumindo que tivesse sido de maneira lícita (legal sim, como sempre. Lícita é outra coisa), se uma empresa dá lucro, ainda bem, está para isso.

Segundo: O senhor Camilo Lourenço distraiu-se, suponho, ao por no mesmo saco hospitais e TGV’s, não pode ser de outra maneira. Mas tendo dinheiro o estado, poderia fazer sentido que capitalizasse os bancos. O estado está para isso mesmo, para ajudar quando faz falta.

Terceiro, e conclusões próprias: Pelo que se vê, e pelo que se vai vendo, não só neste país, deve ser em quase todos, o liberalismo económico está cada vez mais a mudar para um neoliberalismo que se traduz, aproximadamente, num capitalismo dos lucros e marxismo dos prejuízos. 

Mas, como digo, não é só aqui. Em todo o mundo capitalista temos o capital pedindo (exigindo) aos estados a sua intervenção, mas com requintes: O estado deve pôr dinheiro o nacionalizar qualquer banco com prejuízos, mas o estado deve privatiza-lo enquanto estiver saneado. As empresas devem ser ajudadas pelo estado quando têm dificuldades, mas o estado deve ficar afastado totalmente da livre gestão das empresas e dos mercados quando há lucros.

Ou seja, digo eu, o estado deve ser parvo. 

E como eu sou o estado (na parte que me toca), desculpem lá mas não concordo. Acho que há muita gentinha bem habituada a viver a fartazana, que não pode perceber que o estado queira dar dinheiro aos pobres, como se eles (esses miseráveis) fizessem algum, e não lhes queira dar dinheiro a eles, que são os grandes filhos da p...atria. E ainda por cima vão tendo razão, o estado vai-lhes dando...

Repetir esta conversa, uma vez e outra, muitas vezes, pode dar como resultado que por força da repetição a teoria seja aceite. Pensem no que ouvem antes de concordar ou discordar, anda muita ratazana à solta por aí...

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