Blog de Aureus

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13 de fevereiro de 2009

Moralidade Política


Recebi recentemente alguns exemplos aos que se aplica o problema. Nada ilegal, suponho. A questão nem sempre, ou nunca, nestes casos, será a legalidade, mas a moralidade não existe? Vejam isto:

Fernando Nogueira: Foi Ministro da Presidência, Justiça e Defesa, agora é Presidente do BCP Angola.

José de Oliveira e Costa: Foi Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, agora é Presidente do Banco Português de Negócios (BPN) (ou preso, a ver vamos).

Rui Machete: Foi Ministro dos Assuntos Sociais, agora é Presidente do Conselho Superior do BPN e Presidente do Conselho Executivo da FLAD.

Paulo Teixeira Pinto: Foi Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, agora (já não é) Ex-Presidente do BCP. Saiu depois de 3 anos de trabalho, com 10 milhões de indemnização e 35.000 euros / mês (15 meses por ano) para toda a vida (é a reforma do homem...).

António Vitorino: Foi Ministro da Presidência e da Defesa, agora é Vice-Presidente da PT Internacional, Presidente da Assembleia-geral do Santander Totta, e ainda comentador da RTP.

Celeste Cardona: Foi Ministra da Justiça, agora é Vogal do CA da CGD.

José Silveira Godinho: Foi Secretário de Estado das Finanças, agora é Administrador do BES.

João de Deus Pinheiro: Foi Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros, agora é Vogal do CA do Banco Privado Português (quer dizer, agora, agora, já não sei...).

Elias da Costa: Foi Secretário de Estado da Construção e Habitação, agora é Vogal do CA do BES.

Ferreira do Amaral: Foi Ministro das Obras Públicas (e decidiu, ele, que todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira passariam à Lusoponte), e agora é Presidente da Lusoponte (e tem de renegociar o contrato, que ele mesmo processou, quando estava "do outro lado da bancada").

Armando Vara: Foi Ministro-adjunto do Primeiro-ministro, agora é Vice-Presidente do BCP. Segundo consta do site do BCP , este senhor é Vice-Presidente do Conselho de Administração Executivo, e apresenta meritoriamente um curriculum (formação e experiência académica) exemplar para alguém neste cargo: Em 2005 uma Licenciatura em Relações Internacionais (UNI), e, o ano anterior, 2004, uma Pós-Graduação em Gestão Empresarial (ISCTE). Logo conseguiu tirar uma pós-graduação antes da licenciatura, o que obviamente o habilita para desempenhar não já qualquer função difícil como até algumas impossíveis.

António Pinto de Sousa: Não foi nada de especial (digo eu). Agora é o novo responsável máximo pelo gabinete de comunicação e imagem do IDT (Instituto da Droga e Toxicodependência), com competências atribuídas para empossar quem quiser, independentemente da sua qualificação académica e profissional, para os cargos dirigentes do Instituto, contrariando os próprios estatutos do IDT. É também (e foi) irmão de José Sócrates.

Vasco Franco: Foi nº 2 da câmara de Lisboa, durante as presidências de Jorge Sampaio e João Soares. Antes do que isso foi ferido em combate em Moçambique (depois do 25 de Abril?!). Antes do que isso tirou o Curso Geral do Comércio (equivalente ao 9º ano actual). Agora, tem 50 anos, saúde perfeita, mais de 3.035 euros mensais de reforma da câmara de Lisboa, 900 euros de reforma de ferimento de guerra, e administrador da Sanest, sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril, auferindo por isso 2.000 euros mês (era o dobro, mas, azar, para autorizar a acumulação de vencimento o governo reduziu-lhe os 4.000 / mês previstos para a metade). Este lugar de administrador foi-lhe oferecido pelo senhor Joaquim Raposo, presidente da Câmara da Amadora, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa.

Isto tudo, não esqueçam, é legal. Pelo menos eu não acredito que haja aqui nenhuma ilegalidade. Mas, volto a perguntar, e a moralidade? Ética, estes senhores sabem o que é? Gozar com o Zé-povinho, sabem. É óbvio.

Acrescento que as informações convêm lembrar que quase sempre são direccionadas pelo informador, e que nestes dias se recolhem mais facilmente informações sobre quem está agora no governo, mas por interesse do emissor da noticia, não porque os dos outros partidos não se encontrem em idênticas situações. E apareçam muito mais, como já a conteceu, quando estão no governo, claro.

E há muitas, muitas mais destas pequenas anedotas, aparecem por todo lado.

Algumas destas situações, acredito, têm toda a razão de ser, a pessoa tem idoneidade tanto para o cargo anterior como para o actual, e um cargo não tem conflitos de interesses com o outro.

Mas há outras que não parece que seja essa a situação: A mesma pessoa tem idoneidade para exercer de Ministro da Presidência, Ministro da Justiça, Ministro de Defesa, e Presidente de um banco? Ou, uma ministra de Justiça passa a vogal do conselho de administração de um banco? Ou um ministro de Educação, e depois de Negócios Estrangeiros, será que ele é m ais vocacionado para o mesmo lugar (vogal do CA de um banco)?

Por vezes, até poderá haver quem ache que tal vez se poderia ver algum conflitozinho de interesses entre fazer contratos brutais como ministro e depois passar a gerir a empresa contratada...

E as coisas das reformazinhas, que são muitas, todas legais (até porque muitas vezes quem decide a reforma é o mesmo que se reforma, como no Banco de Portugal), em fim, não correspondem com a média da generalidade das pensões neste pais, parece-me.

Resumindo: poderá ser tudo legal, mas, quando vai haver mais (ou pelo menos alguma) moralidade nos sistema? Não têm vergonha?

 

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